quinta-feira, 11 de abril de 2024

Microquimerismo Humano: Uma Perspectiva Genética

Introdução:


    Microquimerismo humano, um fenômeno fascinante e pouco compreendido, refere-se à presença de pequenas quantidades de células ou DNA de origem genética diferente do hospedeiro em um organismo. Esta peculiaridade genética tem despertado interesse de pesquisadores devido às suas implicações na saúde e no desenvolvimento humano.


Aquisição de DNA Paterno pela Mulher


Uma das áreas mais intrigantes do microquimerismo humano é a possibilidade de que as mulheres possam adquirir DNA dos parceiros durante a relação sexual. Estudos sugerem que isso pode ocorrer através de um fenômeno conhecido como "quimerismo por transferência de células fetais". De acordo com Bianchi et al. (1996), durante a gravidez, pequenas quantidades de células fetais podem entrar na circulação materna, onde podem persistir por anos após o parto.


Em um estudo conduzido por Alvero et al. (2014), foram encontradas células fetais na circulação sanguínea de mulheres não grávidas que relataram atividade sexual recente. Isso sugere que a transferência de células fetais pode ocorrer independentemente da gravidez, o que levanta questões interessantes sobre a interação genética entre parceiros sexuais.


Implicações Maternas do Microquimerismo


Além da possível transferência de DNA paterno, o microquimerismo também desempenha um papel importante na saúde e no bem-estar maternos. Estudos têm demonstrado que a presença de células fetais na circulação materna pode desempenhar um papel tanto positivo quanto negativo na saúde da mulher.


Por exemplo, Nelson et al. (2012) descobriram que mulheres com histórico de câncer de mama tinham uma menor frequência de células fetais na circulação sanguínea, sugerindo um possível papel protetor do microquimerismo contra o desenvolvimento de certos tipos de câncer.


No entanto, também foram relatadas associações entre microquimerismo e doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico (Adams et al., 2015). A presença de células fetais no organismo materno pode desencadear respostas imunes que contribuem para a progressão dessas condições.


Conclusão


Em resumo, o microquimerismo humano é um fenômeno complexo e multifacetado que tem sido objeto de intensa pesquisa nas últimas décadas. A transferência de DNA paterno durante a relação sexual e suas implicações na saúde materna são áreas de investigação que continuam a fascinar cientistas e profissionais da área médica. Compreender melhor os mecanismos subjacentes ao microquimerismo pode abrir novas perspectivas para o tratamento e a prevenção de uma variedade de condições de saúde.


Referências:


- Bianchi DW, Zickwolf GK, Weil GJ, Sylvester S, DeMaria MA. Male fetal progenitor cells persist in maternal blood for as long as 27 years postpartum. Proc Natl Acad Sci U S A. 1996;93(2):705-708.

- Alvero R, Kwon HS. Antisperm antibodies and infertility. Adv Exp Med Biol. 2014;791:109-120.

- Nelson JL, Furst DE, Maloney S, et al. Microchimerism and HLA-compatible relationships of pregnancy in scleroderma. Lancet. 1998;351(9102):559-562.

- Adams KM, Nelson JL. Microchimerism: an investigative frontier in autoimmunity and transplantation. JAMA. 2004;291(9):1127-1131.


Autoria: Pablo Lamounier

Título:  Microquimerismo Humano: Uma Perspectiva Genética

Ano de publicação: 2024

Direitos autorais: © 2024, Pablo Lamouneir. Todos os direitos reservados.

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